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Economia

Práticas de aproveitamento de alimentos, horta caseira e compostagem para reduzir o desperdício

A cada dia o preço dos alimentos aumenta, o que dificulta o abastecimento e o consumo por parte da população, bem como é um reflexo de fatores políticos, econômicos, sociais e ambientais. 

Por outro lado, os alimentos que você descarta contribui com o volume de desperdício, que ocorre em toda cadeia de produção, e causa perdas significativas:

  • O cenário provoca insegurança alimentar em muitas pessoas, pois dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) apontam que há aproximadamente 927 milhões de pessoas com fome no mundo;
  • No Brasil, este número era de 10 milhões, em 2018, e, depois de dois anos, passou para 19 milhões, quase 10% da população, segundo pesquisa da VigiSAN, que monitora a condição alimentar e nutricional. Os dados ainda indicam que as regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas;
  • Ao mesmo tempo, 33% de toda a produção mundial de alimentos é desperdiçada por ano e, deste número, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos é jogado ao lixo. 

Cadeia de produção e desperdício

Atualmente, o Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam comida, pois cerca de 15 milhões de toneladas de alimentos são jogadas fora por ano. A pesquisa Diálogos Setoriais União Europeia-Brasil, da Embrapa e FGV, com base em 2018, mostra que uma família média brasileira descarta quase 130 quilos de comida por ano. 

De acordo com a Analista de Responsabilidade Social do Sesi-SP, Luna Monteagudo de Campos, é preciso aprimorar os sistemas de produção, logística, destinação e o comportamento do consumidor final. “Parece inofensivo, mas a fruta deixada na fruteira ou o potinho de comida esquecido na geladeira possuem impactos ambientais”, diz.

As perdas ocorrem em várias etapas em que o alimento percorre até chegar à mesa do consumidor. Calcula-se que aproximadamente:

  • 10% da produção é perdida ainda na colheita;
  • 50% no manuseio e transporte;
  • 30% nas centrais de abastecimento (Ceasas);
  • 10% são desperdiçados em supermercados, serviços de alimentação e domicílios.

Fórmula de desperdício doméstico: Se cada brasileiro produz pouco mais de 1 quilo de resíduo doméstico por dia, isso significa que uma pessoa com 70 anos produzirá cerca de 25 toneladas de resíduos durante a vida.

O problema é agravado quando multiplicado pela população inteira. O ponto é que parte significativa destas toneladas poderiam suprir a fome de milhões de pessoas, já que a maioria dos insumos que vai para o lixo são partes comestíveis de alimentos, que são descartadas pela falta de conhecimento sobre o uso e o consumo adequado.

O desperdício de alimentos é tema que atinge, em menor ou maior grau, a todos os países. Por isso, Luna destaca a Agenda 2030 da ONU, que foi lançada em setembro de 2015. 

“O documento possui 17 objetivos gerais, popularmente conhecidos como os ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Uma das metas (12.3) é reduzir pela metade o desperdício alimentar global per capita no varejo e no nível do consumidor, bem como diminuir as perdas ao longo das cadeias de produção e fornecimento”, explica

“É importante ressaltar que o cumprimento da Agenda trata-se de uma responsabilidade de todos os componentes da sociedade: governo, setor empresarial e sociedade civil”, afirma Luna. 

Práticas em casa 

Uma das formas para evitar o desperdício doméstico é aproveitar o alimento integralmente, mas há outras maneiras também, assim como descreve a analista:

  • Realizar compostagem caseira: A prática é uma das melhores opções para a gestão de resíduos orgânicos, pois transforma as sobras em adubo fertilizante, por meio da decomposição de materiais orgânicos. 

Este método diminui o volume de resíduos depositados nos aterros sanitários e a emissão de gases de efeito estufa que afetam as mudanças climáticas, bem como contribui com a sustentabilidade na adubação de plantas e hortas caseiras.

Neste processo, não são todos os restos de alimentos indicados para a compostagem. As frutas cítricas, os laticínios e as carnes, por exemplo, se decompõem lentamente, causa mau cheiro e atrai animais indesejados;

Ao cozinhar, selecione os produtos que comprou primeiro, confira a data de validade e armazene por ordem de prazos. Caso queira conservar por mais tempo os alimentos frescos, utilize a técnica de branqueamento para congelar

  • Praticar o consumo consciente: na hora da compra, cuidado com as promoções, elas podem fazer você adquirir mais do que o necessário. O ideal é usar as promoções para variar os alimentos que são consumidos com mais frequência. 

Ao servir, coloque quantidades menores no prato e repita, se ainda estiver com fome. Isso vale para as refeições feitas em casa ou fora. É melhor repetir do que jogar os alimentos no lixo.

Horta caseira

Segundo Luna, cultivar uma horta contribui com a preservação ambiental e a saúde mental, pois ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade. Abaixo, ela separou alguns benefícios e dicas sobre o plantio em casa:

  • Evita o uso de agrotóxicos: diferente da agricultura intensiva, a horta caseira não utiliza produtos químicos, por isso fornece alimentos mais frescos e orgânicos;
  • Reduz a utilização de embalagens: o Brasil está em quarto lugar como gerador de resíduo plástico do mundo e recicla apenas 1,3%;
  • Diminui a emissão de gases poluentes na cadeia produtiva: a decomposição de resíduos nos aterros sanitários produz metano - um gás potente de efeito estufa - bem como evita as emissões de gases poluentes provindas das etapas de transporte e embalagens;
  • Minimiza o uso de recursos naturais: ao comprar alimentos e desperdiçar, todos os recursos usados na produção também se perdem, como água e energia;
  • Melhora qualidade do ar: à noite as folhas liberam gás oxigênio (processo de fotossíntese);
  • Alimentos indicados para iniciar uma horta: tomate, cenoura, pimenta, alface, couve, cebolinha, salsinha e manjericão.

Aproveitamento integral de alimentos 

O Alimente-se Bem enumerou algumas dicas para você evitar o desperdício e economizar ao utilizar o alimento em sua integralidade: 

  1. Na feira livre, peça aos comerciantes que não retirem talos e folhas das hortaliças;
  2. Opte por comprar vegetais menos maduros, caso o consumo não seja imediato;
  3. Não se apegue ao formato dos alimentos, pois as imperfeições também são bem-vindas;
  4. Atente-se às formas adequadas de armazenamento de frutas, legumes e verduras;
  5. Faça uso das partes não convencionais dos alimentos, como folhas, talos, cascas e sementes;
  6. Confira o menu Receitas do portal do Alimente-se Bem para aprender novas preparações saudáveis, nutritivas e sustentáveis.

Para saber mais sobre os benefícios do aproveitamento de partes não convencionais, acesse e faça o download do e-book: Tabela de composição das partes não convencionais dos alimentos

26/05/2022 09:40

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