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Alimentação Saudável

A Sindemia Global e o papel do nutricionista

Hoje, 31 de agosto, é comemorado o Dia do Nutricionista. Durante a carreira, o profissional pode atuar em Nutrição Clínica; Alimentação Coletiva; Nutrição em Esportes; Saúde Coletiva; Nutrição na Indústria; e Ensino e Pesquisa, conforme consta na Resolução n° 600 de 2018 do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN).

Dentro dessas áreas e no trabalho do dia a dia, o nutricionista pode ter um olhar para a sindemia global.

O conceito foi apresentado, em 2019, pela publicação The Lancet, e refere-se às interações entre as mudanças climáticas e as pandemias da desnutrição e da obesidade.

Para entendermos o impacto dessa junção na qualidade de vida, é necessário analisar primeiro o cenário no qual o Brasil está inserido.

De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 70,3 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar moderada ou grave, em 2020.

Isso significa que esses brasileiros, incluindo crianças, apresentaram queda na qualidade e na quantidade da alimentação, bem como não sabiam se teriam todas as refeições do dia.

Por outro lado, os dados publicados pela FAO, em 2021, indicam que o Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, mas, também, é um dos países que mais desperdiça.

Perdas e desperdícios de alimentos

Durante a colheita há perdas de alimentos

Ao longo de toda a cadeia alimentar, há as perdas desde a colheita até as centrais de abastecimentos. Já o desperdício ocorre nos supermercados, serviços de alimentação e em casa.

Isso acontece devido aos fatores, como: pouca tecnologia e incentivo ao produtor rural, e falta de conhecimento tanto do produtor quanto do consumidor.

Assim, cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos são descartados por ano, sendo que 80% decorrem das etapas de colheita, manuseio, transporte e centrais de abastecimento, segundo dados da FAO de 2022.

Nessa perda, o arroz e o feijão correspondem a 38% de toda a comida desperdiçada no país. (EMBRAPA, 2018).

Já em São Paulo, as feiras livres geram um impacto de 33 mil toneladas de resíduos considerando frutas, legumes e verduras (USP, 2017). 

Mudanças climáticas, desnutrição e obesidade

As mudanças climáticas impactam na alimentação

Com esse panorama, é possível afirmar que o Brasil produz mais do que consome e isso acarreta grande sobrecarga ao meio ambiente, conforme os dados abaixo das feiras livres em São Paulo:

  • Geração de emissão de mais de 66 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) no ar, por ano, resultante  da  decomposição da  matéria orgânica e da queima de combustíveis para o  transporte  ao longo da cadeia de comercialização;
  • Anualmente, também são utilizados 994 metros cúbicos de água para o cultivo de frutas e vegetais folhosos.

Esses fatores são apenas alguns exemplos relacionados às mudanças climáticas, como secas e inundações, e afeta o cultivo de alimentos, pois a produção diminui, o preço aumenta e o acesso à comida de verdade reduz.

Em contrapartida, cresce a oferta de alimentos processados e ultraprocessados que, geralmente, são mais baratos e, a falta de tempo e planejamento de muitas famílias, contribuem para a busca desses alimentos que são considerados práticos.

Porém, muitos desses produtos são ricos em gorduras, açúcar, sal e conservantes. Logo, o consumo e o ambiente alimentar no qual estamos inseridos favorecem o crescimento das pandemias de desnutrição e obesidade.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é que em 2025, 2,3 milhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de pessoas obesas.

No Brasil, a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) aponta que a obesidade aumentou 72% nos últimos 13 anos.

Com o passar do tempo, essas questões causam grande impacto na saúde, devido ao aparecimento de doenças, como diabetes, hipertensão, entre outras.

O trabalho do nutricionista

O nutricionista pode ajudar o paciente a fazer escolhas alimentares dentro da sua realidade

Diante do cenário, existe uma urgência em construir sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis, e o papel do nutricionista vai além da entrega de um plano alimentar individualizado.

As ações em sinergia com outros agentes e o envolvimento na elaboração de políticas públicas são alguns caminhos.

Outras ações que podem contribuir são:

  • O incentivo a dietas sustentáveis que beneficiam o meio ambiente e à saúde;
  • Trabalhar a autonomia do paciente por meio da educação alimentar e nutricional, de modo que ele exercite a consciência crítica e saiba fazer as melhores escolhas alimentares dentro da sua realidade;
  • O apoio a amamentação, e a orientação de técnicas culinárias, de higienização e armazenamento dos alimentos;
  • No campo da alimentação coletiva, incentivar ações que aproveitem integralmente o alimento, a fim de evitar o desperdício de partes nutritivas, como cascas, talos, folhas e sementes; conscientizar o consumidor para a redução do descarte de alimentos; e a adoção de práticas sustentáveis na cozinha, como não utilizar utensílios descartáveis.

Nesse quesito, o programa Alimente-se Bem, do Sesi-SP, há mais de duas décadas se posiciona como agente de transformação e oferece ferramentas de apoio, por meio de cursos e conteúdos que trabalham a conscientização para práticas sustentáveis e saudáveis.

O site também conta com mais de 500 receitas publicadas que ensinam a utilização do alimento em sua totalidade.

Por isso, convidamos vocês nutricionistas para ajudar a mudar o cenário do Brasil com a adoção de condutas sustentáveis!

Equipe Alimente-se Bem, do Sesi-SP

31/08/2023 10:32

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