PANCs: conheça a história, as propriedades nutricionais e uma receita com ora-pro-nóbis
No universo da alimentação cada região possui seus hábitos culinários, mas a busca por uma vida mais saudável leva às pessoas a novas maneiras de se alimentar. Uma opção é incluir as PANCs (Plantas alimentícias não convencionais) nas refeições, que ganhou repercussão no âmbito da boa alimentação.
O termo “não convencionais” faz referência às espécies que eram utilizadas, porém com o passar do tempo caíram no desuso, bem como não são hortaliças comercializadas em grande escala, por supermercados ou hortifrútis, e geralmente são encontradas em quintal ou horta caseira.
Ao retomar o consumo de PANCs, os benefícios envolvem valorização da biodiversidade, cultura alimentar e consumo saudável. Por exemplo, a ora-pro-nóbis é famosa em Sabará (MG), acessível e tradicional na culinária da população, e também é típica em Goiás. Já em São Paulo e outros estados é pouco conhecida, por isso o Alimente-se Bem separou uma receita para você adicionar a PANC, confira: carne oriental com ora-pro-nóbis
Origem, características e curiosidade
Ora-pro-nóbis vem do latim e significa “rogai por nós”, mas possui diversos nomes, como: trepadeira-limã; carne-de-pobre; groselha-da-américa; espinho-de-santo-antônio; guaiapá; orabrobó; lobodo; mori, entre outros. Mori é em tupi-guarani e simboliza “planta que produz frutos com muitos espinhos finos.”
É considerada uma ancestral primitiva dos cactos e uma das hortaliças da família das cactáceas com potencial de uso alimentar. A espécie ganhou tanto espaço em Minas Gerais, que anualmente ocorre o Festival do Ora-pro-Nóbis, em Sabará.
A espécie pode chegar até 4 metros de altura com ramos longos e folhas de textura carnosa que atingem 12 centímetros de comprimento, e transitam entre a coloração verde-claro e verde-escuro, já os brotos podem variar de arroxeado a verde-claro, e os frutos são comestíveis.
Os espinhos presentes no caule são utilizados como cerca viva em quintais e hortas. Este costume surgiu nas lendas de Sabará, pois ao redor da igreja da cidade havia grandes moitas de ora-pro-nóbis, mas os padres não podiam colhê-las. Entretanto, os escravos aproveitavam os momentos de orações na igreja para recolher a hortaliça sem serem vistos.
Cultivo, benefícios nutricionais e consumo
As PANCs são adaptáveis às condições de cultivo e possuem menos exigências de cuidado do que hortaliças e legumes convencionais. No caso da ora-pro-nóbis, o plantio é recomendado no início da época chuvosa do ano, geralmente entre setembro e janeiro, e pode ser feito por meio de sementes ou pelo enraizamento de estacas de 15 a 20 cm de comprimento.
É possível plantar diretamente em local definitivo ou em recipientes com substrato enriquecido, pois a planta se adapta bem a diferentes tipos de solos, desde que sejam drenados adequadamente.
A espécie também é rica em qualidades nutricionais significativas. As folhas contêm:
- Teores de proteína que variam entre 28% e 32%;
- Quantidades consideráveis de cálcio; ferro; potássio; magnésio; zinco e minerais que podem auxiliar na saúde imune, cardiovascular e óssea;
- Fibras e substâncias mucilaginosas (espessantes) que beneficiam o trânsito intestinal e à saciedade;
- Potencial anti-inflamatório e antioxidante.
A vida útil das folhas é longa comparada a outras hortaliças. Quando armazenadas em embalagens plásticas sob refrigeração de 10°C podem durar até 12 dias. O consumo das folhas jovens ou brotos pode ser cru, mas geralmente a ora-pro-nóbis é preparada cozida com diferentes tipos de carnes e em receitas de pães, tortas e bolos.
28/04/2022 09:36