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Alimentação Saudável

Diversidade e inclusão na atuação do nutricionista: como enfrentar os desafios físicos e sociais

“Somos 194.018 nutricionistas” diz o site do Conselho Federal de Nutrição (CFN), a partir dos dados obtidos na Consulta Nacional de Nutricionistas (fev/24). Com quase 200 mil profissionais no país, em 31 de agosto, é celebrado o Dia do Nutricionista, quando a profissão foi reconhecida por meio da Lei nº 5276, de 24 de abril de 1967.

Nesta época, a maior demanda do mercado para atuação do profissional era atender às necessidades do primeiro Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), criado pelo Governo Federal, em 1972.

Entretanto, com o passar dos anos, a profissão se expandiu para atendimento em Serviços de Alimentação da Previdência Social (SAPS), hospitais, escolas, restaurantes de trabalhadores, docência, indústria, marketing, nutrição em esporte, saúde suplementar, núcleos de assistência à saúde da família, entre outros meios.

Como unir diversidade e inclusão no trabalho do nutricionista 

Maria Dayanne da Silva, nutricionista do Esporte do Sesi-SP. Ela teve má formação congênita e não possui os braços 

Atualmente, um dos desafios que os profissionais enfrentam é em relação a diversidade e inclusão. Há implicações significativas tanto no atendimento aos pacientes, quanto na dinâmica das equipes de trabalho, principalmente para os nutricionistas deficientes físicos, neurodivergentes, obesos, indivíduos trans, homossexuais, negros, pardos e indígenas.

Esses grupos podem vivenciar preconceitos, falta de representatividade e oportunidades de desenvolvimento profissional, além dos desafios físicos e estruturais em ambientes sem acessibilidade.

Maria Dayanne da Silva, 32 anos, nutricionista do Esporte do Sesi-SP, unidade CAT Osasco, que é deficiente física e atua há três anos com atletas de natação e Wrestling, conta como é superar os empecilhos que se apresentam.

“Logo que fiz a escolha pela nutrição, me vi frente ao desafio de como usaria o adipômetro, por exemplo, por ser um equipamento que necessita da utilização das mãos. Isso me trouxe alguns questionamentos, inclusive se essa era a profissão ‘certa’ diante da minha limitação física”, diz.

Com isso, a profissional começou a pesquisar e explorar outros recursos, para aferição da composição corporal, possíveis e validados dentro da área. Assim, ela associa a utilização da balança de bioimpedância com diversas ferramentas, como o inquérito alimentar, para construir junto ao atleta uma avaliação contínua e focada no desempenho.

“No trabalho com a equipe multidisciplinar, temos um time forte e diverso, formado por atletas negros, pardos e obesos. Eles já possuem títulos brasileiros e convocações para campeonatos internacionais, e duranteas competições trabalhamos o foco na educação alimentar para obter melhor desempenho e resultado”, afirma Day, como é chamada carinhosamente pelos atletas.

Propostas de inclusão 

Dayanne durante uma palestra 

Outro ponto que precisamos abordar, é o estereótipo pela busca por um corpo perfeito, geralmente, reforçado pelas redes sociais.

A fim de desmitificar essa imagem, o Conselho Regional de Nutrição (CRN3) lançou, em 2024, a campanha "Nutrição Sem Estereótipos - menos padrão, mais inclusão.”

O objetivo é ter mais ciência e inclusão na nutrição, e menos pressão por um corpo padrão: reconhecer a diversidade de corpos e de escolhas alimentares, e conscientizar sobre como os estereótipos impactam a autoestima e a saúde mental, especialmente das mulheres.

Dessa forma, para ajudar no trabalho dos nutricionistas e outros profissionais da área da saúde, destacamos algumas propostas de inclusão e diversidade:

  • Capacitação e Sensibilização: Implementar treinamentos regulares de diversidade e inclusão para toda a equipe, com abordagem sobre preconceitos inconscientes e compreensão mais profunda das necessidades de diferentes grupos.
  • Políticas de Acessibilidade: Assegurar que o ambiente de trabalho e as práticas de atendimento estejam adaptados, para incluir profissionais e pacientes com deficiência.
  • Promoção da Representatividade: Incentivar a participação das minorias em eventos, palestras e programas de formação profissional, além de buscar diversidade na composição das equipes.
  • Criação de Espaços Seguros: Criar canais de comunicação em que os profissionais possam expressar suas preocupações e sugestões de inclusão, a fim de promover um ambiente de trabalho mais acolhedor.
  • Adaptação das Práticas de Atendimento: Respeitar as diferenças de cultura, gênero e orientação sexual dos pacientes, bem como ajustar as práticas de atendimento para garantir uma abordagem personalizada e inclusiva.

Para Dayanne, a inclusão permite às minorias pertencerem a todos os mundos e mostrar a suas potencialidades na área em que se identificam e desejam alcançar sucesso profissional.

Entretanto, a nutricionista destaca que ainda é necessária a criação de mais políticas públicas. “Com projetos de capacitação profissional ou bolsas de estudos, que incentivem pessoas com deficiência a ocupar as vagas existentes no mercado de trabalho”, diz ela.

Os profissionais no Brasil podem adaptar as práticas de nutrição às necessidades culturais e individuais dos pacientes para tornar o atendimento inclusivo, fortalecer a relação entre o nutricionista e a comunidade e contribuir com um ambiente de trabalho mais colaborativo e inovador.

Equipe Alimente-se Bem do Sesi-SP

30/08/2024 10:54

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