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Alimentos “imperfeitos”, desperdício e iniciativas sustentáveis
Frutas e legumes muito grandes ou pequenos, com diferentes formatos e cores, comida que a natureza nos oferece e com padrão de beleza único são os chamados alimentos imperfeitos e que, na maioria das vezes, os descartamos.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), metade dos resíduos sólidos gerados pelas áreas urbanas são orgânicos, como sobras de alimentos crus e cozidos de residências, restaurantes, hotéis e shoppings, bem como sobras de frutas, legumes e verduras de mercados e feiras livres.
Uma pesquisa realizada pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), da USP, identificou que nas feiras livres de São Paulo, cerca de 33 mil toneladas de alimentos são descartadas anualmente, o que gera perda de recursos e nutrientes, e impacto ambiental. Por outro lado, este número poderia alimentar muitas pessoas e diminuir a fome no país.
O destino destes resíduos é os aterros sanitários, que hoje se caracterizam como a terceira maior fonte de geração de metano - um dos gases geradores do efeito estufa - e que é produzido amplamente por meio da decomposição de resíduos orgânicos.
Impacto ambiental do desperdício em feiras livres por ano
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Nutricionalmente, o quadro representa a perda anual de:
- Pouco mais de 13 bilhões de calorias;
- Cerca de 650 mil quilos de proteínas;
- 880 mil quilos de fibras alimentares;
- 9 mil quilos de vitamina C.
O desperdício ocorre ao longo de toda a cadeia de produção e é ocasionado por diversos fatores, como:
- Modelo de produção intensiva;
- Manuseio inadequado durante o transporte e o armazenamento;
- Prazos de validade curtos e promoções que estimulam o comportamento de consumo exagerado.
Alimentos “imperfeitos”
Outro problema é a preferência dos pontos de venda por frutas e legumes “perfeitos” que faz com que o desperdício ocorra na seleção dos alimentos, por conta de não cumprirem os requisitos estéticos como, cor, tamanho, formato, entre outros.
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Na hora da compra, muitas pessoas acreditam que as hortaliças que destoam dos padrões são menos saborosas e nutritivas. Essa tendência levou o mercado a ofertar apenas o que o consumidor acha atrativo.
É um cenário comum na Europa, e que reflete bem a cultura do consumo, pois um terço do que é produzido é descartado, por não atender a preferência do consumidor. Isso reflete no prejuízo aos produtores, que precisam baixar os preços e, consequentemente, recebem menos do que foi gasto na produção dos alimentos.
Deste modo, o comportamento de consumo influencia diretamente na rentabilidade dos produtores, mas o ponto imprevisível é que não sabemos o que a natureza nos dá, porque os alimentos são moldados segundo as condições físicas e climáticas envolvidas no crescimento, entretanto eles compartilham da mesma qualidade, sabor e valor nutricional.
Iniciativas sustentáveis
Para reduzir o desperdício dos alimentos “imperfeitos”, conscientizar a população do consumo desses produtos e inseri-los ao mercado foram criadas algumas iniciativas como Fruta Feia, de Portugal, Imperfect Foods, dos Estados Unidos e Fruta Imperfeita, aqui no país.
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No Brasil, também temos uma iniciativa chamada de Únicos Carrefour que oferece preços mais acessíveis por alimentos que normalmente seriam deixados nas gôndolas.
Essas formas conscientes de consumo estão de acordo com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, que visa garantir padrões de consumo e produção sustentáveis no manejo dos recursos; diminuição de desperdício e geração de resíduos, bem como incentivar o mercado e as grandes empresas adotarem boas práticas.
Um sistema alimentar funcional só será construído, se a cadeia de produção for mais responsável no âmbito social, econômico e ambiental.
31/05/2022 10:30