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Sabores que vêm da natureza

O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade. É uma imensidão de espécies e lugares distribuídos em um vasto território bonito por natureza. Localizado próximo à cidade de Paraibuna, na região paulista do Vale do Paraíba, o Sítio do Bello é um desses locais especiais, que remetem ao Brasil natural.

Ali, quase tudo que se planta, dá: uvaia, grumixama, araçá, cambuci, pitanga, entre muitas outras frutas nativas que a maioria dos brasileiros mal conhece. Visitá-lo é ter uma experiência de imersão em novos sabores e texturas brasileiros.

Quem cuida do local é Douglas Bello, empresário e químico por formação. Segundo ele, o objetivo é demonstrar que é possível recuperar áreas degradadas por meio do plantio de árvores de frutas nativas em um empreendimento economicamente viável. Além disso, viabiliza a produção de frutas típicas do Brasil que não estejam disponíveis no mercado.

Iniciativas como as do Sítio do Bello têm uma razão e um porquê. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), das vinte frutas mais consumidas no país, apenas três são nativas. É um dado que reflete diretamente nos modelos de consumo, mercado e comportamento do país, historicamente pautados por padrões estrangeiros, da pesquisa científica à gastronomia. Traz à tona a importância de se levar informação à população, promovendo o desejo e o hábito de se consumir frutas.

Um problema que não é só cultural, mas também econômico, pois levanta a necessidade de se aproximar cada vez mais produtor e consumidor, e exige um processo de transformação, com cada um exercendo seu papel dentro de sua área de atuação e possibilidade.

Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente lançou, em 2018, o projeto Biodiversidade para Alimentação e Nutrição (BFN, Biodiversity for Food and Nutrition, na sigla em inglês), que tem por objetivo esclarecer às pessoas o valor nutricional dos alimentos nativos.

Para isso, dispõe do Banco de Dados de Composição Nutricional da Biodiversidade, um sistema de consulta pública voltado a nutricionistas, estudantes e consumidores. A expectativa é de que essa ferramenta se torne uma referência nacional para a composição de alimentos derivados de espécies nativas brasileiras, integrando a biodiversidade em projetos científicos, programas, políticas públicas e aconselhamento nutricional, tanto em iniciativas públicas quanto privadas. Além disso, o Banco de Dados atua diretamente na disseminação do uso dessas espécies, por meio de receitas culinárias desenvolvidas para ressaltar e demonstrar a versatilidade dos frutos da biodiversidade.

Utilizando-se desse banco de dados como ferramenta de trabalho, o nutricionista é o profissional habilitado para contribuir com a melhoria da saúde da população por meio da assistência alimentar e nutricional, tendo como um dos princípios fundamentais o respeito à biodiversidade e ao desenvolvimento sustentável. Assim, incentivar o consumo de alimentos da flora brasileira – e ainda mais, da flora local – é uma das missões desse profissional, priorizando alimentos de alto valor nutricional, o que encurta o trajeto entre o plantio e o consumidor final e reduz a demanda por métodos de conservação, garantindo maior sustentabilidade à mesa.

Para contribuir com esse cenário, o Sesi-SP, por meio de seus serviços de nutrição, oferta  consultoria e assessoria a empresas e educação nutricional continuada à comunidade, com foco no desenvolvimento de uma culinária sustentável, saudável e saborosa no serviço de alimentação de empresas ou em ambientes domésticos com foco na redução do desperdício, no aproveitamento integral dos alimentos e na valorização dos produtos locais, possibilitando adesão a estilos de vida mais saudáveis e sustentáveis. Um prato cheio e uma receita de saúde e qualidade de vida para milhões de pessoas.

Autora: Michelle Martins Bedolini - Especialista em Nutrição SESI-SP

Colaboração: Marcela Maria Costa de Oliveira - Nutricionista SESI-SP

15/10/2020 18:06

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