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Meu prato, meu mundo: os impactos das escolhas alimentares

Dois mil e vinte e um está apenas começando, e como em todo início de ano, plantamos sementes de boas intenções para um novo ciclo. E nesse cultivo, não deixamos (ou não deveríamos deixar) de inserir a preocupação com a alimentação.

A pandemia nos forçou ao trabalho remoto e ao isolamento, literalmente fazendo com que olhássemos para dentro de nós, para o nosso corpo e as nossas questões mais íntimas. A quarentena se transformou numa oportunidade para revisitarmos nosso “lar” e organizarmos questões que antes eram deixadas de lado pela correria do dia a dia. 

Mas, se percebemos que olhar para dentro é tão importante, por que falar em alimentação saudável deixa algumas pessoas tão incomodadas e desanimadas? A resposta gira especialmente em torno do fato que elas não conseguem cumprir suas próprias resoluções, de forma prazerosa, por um longo período de tempo. 

Então, como tornar a alimentação saudável mais sustentável? 

Primeiro, é importante esclarecer que o conceito de sustentabilidade não inclui apenas questões relacionadas ao meio ambiente, compreendendo também os aspectos sociais e econômicos. A esse conjunto chamamos “tripé da sustentabilidade”. 

Ao falarmos de uma alimentação saudável e sustentável, esse trio é fundamental, já que nossas escolhas alimentares têm impacto direto sobre a cadeia de produção dos alimentos. Por isso, quando optamos por uma dieta mais restritiva, deixamos de lado os fatores sociais, culturais, políticos, econômicos e biológicos, entre outros, relacionados à alimentação. Ou seja, preferir apenas um grupo de alimentos, independentemente da sua razão para isso, gera impactos. Da aquisição de ingredientes ao preparo e consumo de receitas, tudo gera demanda produtiva para o mercado. 

E, já que o início do ano costuma ser um momento reflexivo, convidamos você a olhar para as suas escolhas alimentares sob uma nova perspectiva, de modo que sua alimentação se torne mais sustentável.

O Guia Alimentar para a População Brasileira, de 2014, sugere um maior consumo de alimentos in natura – aqueles que não tenham passado por qualquer processo químico ou industrial. O guia também recomenda evitar ao máximo os alimentos ultraprocessados, que contêm muitos aditivos, como corantes, conservantes e aromatizantes, além do tão temido sódio. 

A alimentação saudável leva em consideração a sazonalidade dos alimentos, para que possamos aproveitá-los quando são mais saborosos, baratos (principalmente pelo custo de transporte do produtor até os consumidores, que se torna menor) e acessíveis. Variar os alimentos também é fundamental para uma dieta saudável. 

Com uma alimentação diversificada e regional, valorizamos a cultura local e enriquecemos o solo, ou seja, quanto mais alimentos sazonais nós consumimos, melhor se torna a terra na região e mais nutritivos e saborosos ficam os produtos obtidos. O conceito de “comida de verdade” também considera que talos, sementes e cascas são partes nutritivas e não devem ser desprezadas. 

No debate sobre alimentação, um tópico muito importante que deve ser abordado é o do desperdício. Cerca de 30% de toda a produção mundial é descartada em razão de danos na aparência física dos alimentos provocados pelo transporte. Por isso, o ideal é planejar as compras para evitar que isso aconteça, escolhendo itens imperfeitos – mas tão nutritivos e saborosos quanto aqueles que são visualmente mais bonitos. São ações como essa que contribuem para a minimização das perdas.

Quanto mais resíduos geramos, mais CO2 é produzido, agravando os efeitos das mudanças climáticas, que acabam por prejudicar nossa qualidade de vida e nossa saúde. A alimentação saudável e sustentável respeita nossos ciclos, as estações do ano, as atividades do dia a dia e as pessoas que participam da produção de toda a comida, além de valorizar o simples e o saboroso.   

Quando pensamos no binômio simplicidade e sabor, percebemos que é possível superar as dificuldades que invariavelmente surgem em uma dieta restritiva e acabamos optando por alimentos que atendam a um propósito bem maior: a nossa saúde.

Abaixo, apresentamos um questionário simples e rápido para verificar o quanto sua alimentação é sustentável:

  1. Quando vai às compras, você compra mais alimentos in natura ou prefere os processados e ultraprocessados?
  2. Você tem consciência do volume de resíduos alimentares gerados na sua casa? 
  3. Você utiliza talos, cascas e sementes nas preparações?
  4. Quais são os temperos que você mais usa nas suas receitas: ervas e condimentos naturais ou misturas prontas?
  5. Você tem o hábito de congelar alimentos e pratos depois de prepará-los, para facilitar a rotina?
  6. Você sempre compra os mesmos alimentos ou considera os “da estação”? 

Uma pessoa que busca uma alimentação mais saudável também contribui para o planeta! Tudo está conectado!

Confira nossas receitas e aproveite este momento!

Autora: Joice Neris Ribeiro Pozenato- Nutricionista do SESI-SP

12/03/2021 13:58

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